Beija-me a alma com teus olhos

Beija-me a alma com teus olhos
e transborda minha saliva com tua língua
enquanto me nutro do sal do teu suor.
Blasfema gemidos em meu ouvido
e arranca numa só vez a negra liga
e com ela as presilhas de todo pudor.
Não há o que nos seja proibido
nem parte, nem forma, nem gosto,
dentre paredes senão o não consentido.

Lateja o sangue n’alva carne
Enegrecem e se destacam os sentidos
Gosto, cheiro e toque unos
Só desejam o regozijo

Vocifera tua fome em meu seio
preenchendo-me todos os poros
devora também minha fome
como se quisera partir-me ao meio.
Tranca doutro lado da porta o tempo
e degusta cada minuto da sede.
Então quando trôpego e extasiado lhe falte o ar
sem pressa aquieta-te neste ventre
e sem remorso deixa o sono te amainar.

Postagens mais visitadas