Está longe o Rouxinol que tive como meu um dia

Está longe o Rouxinol que tive como meu um dia
O tive por um breve momento de ventania
Na tormenta ferido aquietou-se em minha janela 
E por alguns meses fez em mim moradia
Anunciando a primavera, alegrou as noites mais frias
Transformou as horas e cativou tanto bem querer
Que no prenuncio do outono, ao migrar por sua natureza
ao vê-lo forte e valente, mesmo partindo, me tomei de alegria.
Então ao passo das estações esperei seu retorno e
Ao vê-lo novamente acreditei em golpes de sorte
Outra vez me encontrei acalorada pelo seu canto
Até que sem revoada ou aviso se fez um silêncio deforme.
Ai que tristeza, que tristeza, ai que agonia!
Exposto em gaiola de ouro nobre meu amado rouxinol reconheço
Ele vive, mas não voa, não canta, nem pia. 
Que medo sinto, tento, e não o alcanço... não o alcanço!
Me vê e sinto que seu gorjeio grita, mas silencia 
Ai que tristeza, que tristeza, ai que agonia!
Agora a noite rezo baixinho por meu rouxinol querido 
Peço apenas que não pereça entristecido, emudecido em melancolia. 

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