Absorta pela escuridão dos destes teus olhos

Absorta pela escuridão dos destes teus olhos
É que mergulho neste abismo de mim mesmo.
Me tomam duros e doídos teus afetuosos beijos
Quando gangrenam minhas tantas feridas.

Vou-me aí ao vácuo em que tudo perde o peso.
Num impulso mundano e desesperado de sobrevida
Me perco e me encontro no teu abraço a esmo.
Choroso e, inda que ciente pelo fadado e certo insucesso, 
Tento amputar de minh'alma qualquer parte emputrecida.

Então exausto me morro sem gozo, mas sem outra sensata saída 
E sem um passado ou presente, ou futuro pensado 
Encontro paz no depauperamento de não mais me ser 
Sendo apenas carne, nua e dura, serviente e desvalida.

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