Que os ventos levem a dor para longe

Que os ventos levem a dor para longe
E as lágrimas que banham a face serenem a alma nua
Pois não há manto que aqueça esse espírito doente

Que morram as dóceis cortesias
E com elas mais ainda as farpas do medo

Que se insinuem suspiros de calmaria
E que se afastem os rancores e os amores
Mas que as dores de outrora tão presentes
Se escarneçam e cicatrizem definidamente

Que esqueça teu pai ou tua mãe
Teu ventre infecundo

Que sobre o véu da noite adormeça tão profundamente
Que o próprio dia se esqueça de si

Que nada sobre e que tudo liberte
E sem pesos, nem penas,
Serenada a alma nua
Desprenda-se da vida que é pobre quimera

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