Há uma poesia negra

Há uma poesia negra
que se manifesta sobre o alvo papel
em códigos mórbidos
de truncados sentimentos

Enquanto manifesta-se a liquidez da dor
sangram cantos sufocados de tristes verdades
e sobrepujam etiquetas sobre quereres

Soam os sinos
Soam as ruas
Soam os prédios construídos de suores mal pagos
mas soam especialmente as desconstruções
nas almas que antes eram castiças
e se omitem os rouxinóis e o vento.

Descolorem-se as faces rosáceas na noite
Conquanto se esfacelam as asas das mariposas
que se debatem sobre os lampiões modernos.

Contam poeiras os moços e moças
e logo esquecem
os desencantos do coração
e os encantos.
(que continuam voláteis)

Nas sombras da história presente
(ou futura)
se mantêm sufocados os cantos com tristes verdades
e sangram hemorragicamente,
mas conservam a etiqueta sobre os quereres
e através de códigos plenos de sentimentos reprimidos
transformam-se em versos nostálgicos.

E por não si serem opostos
a tudo posto até aqui,
(sem a menor ironia)
mesmo diante da sua brancura e franqueza
(por negativa que seja)
a chamam de poesia ausente
morta, insensível, fria

ou apenas negra poesia

Comentários

Postagens mais visitadas